Apesar da melhora recente da inflação corrente medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI) norte-americano, o qual arrefeceu por conta da reversão de importantes choques de oferta como o recuo recente nos preços das commodities energéticas e da melhora no funcionamento das cadeias globais de suprimentos, as expectativas de inflação seguiram em alta pelo segundo mês consecutivo.
A expectativa de inflação dos consumidores para um ano à frente medida pela Universidade de Michigan saiu de 4,2% para 4,5% na passagem de outubro para novembro, enquanto a mesma estimativa para o período de cinco anos à frente saltou de 3,0% para 3,2%. Já o índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, por sua vez, recuou de 63,8 para 61,3 no mesmo período, vindo levemente acima das expectativas dos analistas que previam recuo para 61,1.
É amplamente conhecido que as expectativas de inflação desempenham um papel fundamental na calibração da política monetária dos bancos centrais. Justamente por esse motivo é curioso o fato de os membros do Banco Central norte-americano (FED) não estarem dando a devida atenção para esse dado tão importante. Nos raros momentos em que são mencionadas, as expectativas de inflação ainda são percebidas como estando “ancoradas”. Ainda assim, o tom mais “hawkish” da ata de novembro, com os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) reconhecendo a necessidade da política monetária se manter em patamar restritivo para garantir a convergência da inflação para a meta de 2,0%, já ajuda a compensar o fato de as expectativas de inflação terem se elevado.