Economia

Publicado em 03 de Novembro às 19:16:14

Expectativas melhoram, mas longo prazo ainda segue desancorado

Nesta segunda-feira (03/11), o Banco Central divulgou a nova edição do Relatório Focus, que consolida as expectativas do mercado para os principais indicadores da economia nos próximos quatro anos.

Para a inflação, as projeções de 2025 mostraram quase estabilidade, passando de 4,56% no fim de outubro para 4,55%, mas permanecendo bem abaixo dos 4,80% registrados há quatro semanas. Para 2026, as expectativas seguiram em 4,20%, enquanto 2027 e 2028 recuaram. A projeção para 2027 caiu pela terceira semana consecutiva, de 3,90% para 3,80%, e a de 2028 passou de 3,70% para 3,50%, a maior variação entre os quatro horizontes.

As expectativas de inflação são acompanhadas de perto pelos bancos centrais, pois influenciam diretamente as decisões de política monetária — especialmente a trajetória dos juros. Elas são relevantes porque refletem a percepção dos agentes econômicos: se acreditam que a inflação será alta, tendem a antecipar reajustes de preços e salários, o que pode realimentar a própria inflação. Por outro lado, expectativas ancoradas reduzem esse risco, facilitando o trabalho do Banco Central.

Na última reunião do Copom, o Banco Central indicou que seu modelo projetava inflação de 3,4% para o 1º trimestre de 2027, horizonte relevante para a política monetária. Esse valor ainda está abaixo da mediana das projeções do Focus, que indica 3,80% para o fim de 2027 e 4,20% para 2026. Apesar da diferença, o fato de a expectativa de 2027 ter recuado de 3,90% para 3,80% em três semanas pode sinalizar maior confiança dos agentes na atuação da política monetária, somando-se a fatores como a queda do Brent em reais, o recuo das expectativas de curto prazo e a inflação corrente mais benigna, que reduz a inércia.

Ainda assim, avaliamos que a persistente desancoragem das expectativas de longo prazo (ainda acima da meta de 3%) e as métricas mais inerciais da inflação, que permanecem em patamar incompatível com o cumprimento da meta, continuam impondo desafios ao Banco Central, exigindo a manutenção de uma postura de política monetária cautelosa e firme na reunião do Copom que acontecerá nessa quarta-feira (05/11).

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