Na tarde de ontem, o comitê de política monetária do Fed (FOMC) anunciou a última decisão de taxa de juros (Fed Funds rate) do ano. Embora o resultado tenha ficado em linha com a expectativa mediana de mercado (5,25%-5,50% a.a.), a sinalização de que o início de ciclo de cortes está se aproximando foi responsável por animar as bolsas globais. Vale destacar que a tabela de projeções dos diretores do Fed apresentou uma significativa mudança no seu gráfico de “dots” que passou a indicar um consenso de 3 cortes de juros nos EUA no próximo ano, representando uma melhora substancial em relação ao consenso de setembro, em que o consenso projetava apenas um corte. Dessa forma, a Fed Funds terminal projetada pelo FOMC para o final do próximo ano saiu de 5,1% para 4,6% a.a.
Durante a coletiva de imprensa que sucedeu a divulgação do comunicado, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou a mensagem mais “dovish” do documento, sinalizando que embora o Fed não esteja declarando vitória sobre o processo inflacionário americano, os diretores se mostram preocupados com o risco de manter a taxa de juros em patamar restritivo por um período maior do que o necessário. Nesse contexto, Powell comentou que as discussões em torno do início do ciclo de afrouxamento monetário se iniciaram nesta reunião, de modo que, os cortes de juros se iniciarão antes da inflação convergir para a sua meta de 2,0%.
Por sua vez, o Copom anunciou um corte de 0,5 p.p. na taxa Selic, de modo que, esta saiu de 12,25% a.a. para 11,75% a.a., ficando em linha com o consenso de mercado. Entretanto, o comunicado veio ligeiramente mais duro do que o esperado pelo mercado, refletindo a manutenção de uma postura cautelosa por parte do comitê no processo de condução da política monetária, mesmo diante da melhora da conjuntura econômica global e doméstica no período entre reuniões. Se por um lado, o comunicado do Copom deixa sinalizado que há pouca margem para a aceleração do ritmo de corte de juros, a decisão do Fed abre espaço para observamos uma Selic ao final do ciclo abaixo de dois dígitos. Nesse contexto, mantivemos a nossa projeção de Selic terminal em 9,75% a.a., entretanto, retiramos o viés altista em relação ao nosso cenário base, em função da antecipação dos cortes de juro nos EUA do final do ano para a virada do primeiro para o segundo semestre de 2024.