Economia

Publicado em 17 de Setembro às 19:46:20

FED retoma ciclo de corte enquanto Copom mantém a Selic em 15,00%

O banco central norte-americano (Federal Reserve) reduziu a taxa de juros (Fed Funds rate) em 25 pontos base para o intervalo entre 4,00% e 4,25% ao ano em decisão que já era amplamente esperada.

Conforme prevíamos a decisão não foi unânime, com o diretor Stephen Miran indicado pelo presidente, e que ainda mantém um cargo na administração Trump, votando por um corte maior, de 50 pontos base.

O comunicado trouxe poucas, mas importantes alterações em relação ao anterior, buscando contemplar pontos mais “hawkish” (reconhecendo que a inflação aumentou e permanece elevada) e mais “dovish” (mudança do balanço de riscos, com os dirigentes passando a dar mais peso para os riscos de piora do mercado de trabalho do que para a inflação ainda acima da meta de 2,0%). Na nossa visão, o intuito disso foi justificar o corte de juros de 25 bps pela alteração no balanço de riscos causada pela perda de dinamismo do mercado de trabalho, mas sem ser extremamente “dovish” a ponto de passar para o mercado a impressão de que o Fed estaria dando início a um longo ciclo de afrouxamento monetário devido as pressões políticas que vem sofrendo da administração Trump.

Já a tabela de projeções apresentou inconsistências internas, pois revisou para cima PIB e inflação e para baixo a taxa de desemprego, ao mesmo tempo que passou a prever uma instância de política monetária menos restritiva do que antes ao longo do horizonte de projeções. Mesmo assim, o Fed deve cortar os juros em mais 25 bps em cada uma das reuniões restantes (outubro e dezembro) de 2025 por conta da primazia assumida pelo mercado de trabalho a partir de agora, uma decisão que não é isenta de riscos por parte do Fed em vista dos riscos consideráveis de repique inflacionário oriundo das tarifas de importação.

Já em relação ao banco central brasileiro, diferentemente do FED, as apostas para uma decisão de juros unânime estavam bem estabelecidas, com Comitê de Política Monetária (Copom) decidindo, sem surpresas, pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15,00% ao ano.

O comunicado veio em linha com a nossa expectativa, sinalizando a manutenção de uma postura cautelosa por parte do banco central, mesmo diante dos sinais incipientes de arrefecimento da economia observados nos últimos meses. O Comitê, deu um peso mais elevado para as incertezas domésticas vis-à-vis as incertezas externas quando mencionou a necessidade de manutenção de uma postura mais cautelosa.

Em suma, avaliamos que o Copom acertou ao preservar os trechos mais “hawkish” do comunicado, reforçando a mensagem de que seguirá com uma postura conservadora, mesmo diante da perda de fôlego da atividade e dos ventos benéficos vindos da apreciação cambial. A decisão veio em linha com o nosso cenário, contribuindo para retirar do radar a possiblidade de corte de juros em dezembro, uma vez que isso exigiria uma mudança muito grande na comunicação já da próxima reunião (novembro) para preparar o terreno para tal. Visto isso, mantemos a nossa projeção de início do ciclo de flexibilização no 1º trimestre de 2026, mais precisamente na segunda reunião do próximo ano (março).

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