O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou nessa terça-feira (22/04) as suas projeções de crescimento econômico presentes no documento “Perspectiva Econômica Global”. A incerteza resultante da política tarifária dos EUA foi o principal gatilho para a revisão baixista do PIB da maioria dos países.
Para o PIB global agora é estimado um crescimento de 2,8% esse ano, ante 3,3% na projeção anterior. Já para o ano que vem, a estimativa saiu de 3,3% para 3,0%. Os Estados Unidos, país que deflagrou a guerra tarifária, deve, segundo o FMI, sofrer um dos maiores baques de crescimento econômico esse ano (de 2,7% para 1,8%). Para 2026, a desaceleração esperada é ainda maior, para 1,7% (abaixo do PIB potencial).
Já a China, país que é o principal alvo das tarifas norte americanas e que já travou uma guerra comercial com os EUA no primeiro mandato do presidente Trump (2017-2020), também teve a sua projeção de crescimento impactada significativamente, sofrendo um corte de 0,6 p.p., de 4,6% para 4,0% nesse ano. Para o próximo ano, a revisão foi parecida, de 4,5% para 4,0%.
A América Latina teve a sua projeção de crescimento relativamente pouco alterada (de 2,5% para 2,0% em 2025, e de 2,7% para 2,4% em 2026) devido a recuperação da atividade econômica esperada para a Argentina (5,5% esse ano e 4,5% no ano que vem) após o forte ajuste promovido pelo governo Milei em 2024. Essa revisão para baixo no crescimento do continente só não foi menor porque o México deve ser a economia mais impactada de todas, cujo crescimento agora deve ser 1,7 p.p. (-0,3%, ante 1,4%) e 0,6 p.p. (1,4%, ante 2,0%) menor em 2025 e 2026, respectivamente. Além da Argentina, outra contribuição positiva para o crescimento latino-americano é o fato de ser esperada uma maior resiliência da economia brasileira ao “tarifaço” dos EUA pelo fato de ter tido as suas exportações para o país taxadas pela alíquota mínima de 10%.
Com base nisso, o FMI estima que o crescimento econômico brasileiro em 2025 e 2026 sofrerá uma redução apenas marginal (de 2,2% para 2,0%). A taxa de desemprego, por sua vez, deve alcançar 7,2% da força de trabalho ao final desse ano e 7,3% ao final do próximo. Já para a inflação, é aguardada uma alta de 5,3% em 2025 e um arrefecimento para 4,3% em 2026. Vale destacar que em relação a dinâmica de preços mais especificamente, o nosso cenário é o oposto do FMI. Projetamos 5,7% para esse ano, mas uma aceleração para 6,5% no ano eleitoral de 2026, muito em função da continuidade de uma política fiscal expansionista que deve impedir a zeragem do hiato do produto.