A divulgação da métrica de gastos com consumo pessoal (PCE) referente ao mês de janeiro nos Estados Unidos trouxe informações mistas na sua composição.
Apesar da segunda prévia do PIB norte-americano do 4º trimestre de 2023 ter promovido uma revisão negativa de 0,1 p.p. na métrica trimestral anualizada de crescimento (3,2% t/t, ante 3,3% t/t), a inflação trimestral medida pelo PCE sofreu revisões altistas. O índice cheio apresentou uma alta anualizada de 1,8% t/t no 4º trimestre, ante 1,7% t/t na primeira prévia. Já o núcleo do índice de preços do PCE foi revisto de 2,0% t/t para 2,1% t/t. A despeito disso, a medida de inflação favorita do Fed (Banco Central norte-americano) continuou a rodar em patamares condizentes com a meta de inflação de 2,0% ao ano.
Já no tocante a renda pessoal, a despeito da sua forte alta, o fato de a renda pessoal disponível ter sido muito impactada pela alta dos impostos pessoais e pela inflação ainda persistente, principalmente no setor de serviços, fez com que o consumo pessoal crescesse abaixo da renda pessoal disponível em termos reais, permitindo que a poupança das famílias se elevasse na margem.
Levando em conta o excesso de poupança acumulado pelos indivíduos desde a pandemia, o mesmo já se encontra bem próximo do fim após o seu excedente ter se reduzido de US$ 157,7 bilhões em dezembro para apenas US$ 58,8 bilhões em janeiro.
Posto isso, temos que o esgotamento do estoque de poupança excedente, projetado para ocorrer em meados de março, deve levar a uma desaceleração da economia norte-americana na virada do 1º para o 2º trimestre desse ano, permitindo também um arrefecimento da inflação de serviços, métrica essa que se encontra num processo de desinflação bem mais lento do que o dos demais itens.