Economia

Publicado em 30 de Outubro às 18:39:48

IGP-M bom, mas CAGED “ruim”

Ontem foram divulgados dois dados relevantes para a economia brasileira, o índice geral de preços da FGV (IGP-M) e o saldo líquido de novos postos formais de trabalho (CAGED).

O IGP-M, apesar de não ser o índice oficial de inflação (esse é o IPCA), mede a variação média de preços de uma cesta com 60% de concentração em itens do atacado, como insumos industriais e produtos agrícolas. Em geral, movimentos no atacado são repassados, com alguma defasagem, para o varejo, logo, o IGP-M serve de prognóstico para como a inflação de oferta se comportará no IPCA dos próximos meses. O IGP-M de outubro registrou queda de -0,36% m/m, enquanto a expectativa de mercado era de -0,23% m/m. Esse dado de ontem seguiu mostrando que os efeitos de um câmbio mais apreciado e commodities em baixa seguem impulsionando tendência deflacionária nos grupos de alimentos e bens industriais, configurando um aspecto benigno da inflação de oferta para os próximos meses. Além disso, o IGP-M também inclui alguns preços da construção civil. A leitura de outubro mostra uma queda no preço relativo da mão-de-obra, configurando outro prognóstico benigno, mas agora vindo do mercado de trabalho, setor esse que tem mostrado muita resiliência diante de uma taxa de juros bastante elevada. O IGP-M de outubro sugere arrefecimento nos custos das firmas, e menores custos hoje significam menores taxas de inflação no futuro.

Já o CAGED apontou na direção oposta, jogando um “balde de água fria”. A expectativa de mercado era de criação líquida de 170 mil novos postos de trabalho em setembro, enquanto o dado realizado foi de 213 mil. O CAGED é um dado de elevada volatilidade, mas o tamanho da surpresa é significativo o suficiente para conter informação. Após a divulgação, as taxas longas abriram em todos os vértices, refletindo expectativa de maiores taxas de juros no futuro. Uma queda no ritmo de criação de vagas e desaceleração no crescimento dos salários são vetores essenciais para uma desinflação por parte da demanda. Sem ela, o que acontecerá quando os “ventos favoráveis” da oferta mudarem de direção?

Apesar do CAGED, a tendência ainda segue de arrefecimento na atividade e mercado de trabalho, mas talvez em um ritmo mais gradual. 

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