Economia

Publicado em 21 de Agosto às 09:06:52

Incertezas para as próximas reuniões do copom

Nas últimas semanas, houve uma significativa mudança da percepção do mercado no que diz respeito a condução da política monetária por parte do Banco Central brasileiro. As projeções mais duras de mercado, que apontavam para a manutenção da Selic em 10,5% a.a. até o final de 2025, deram lugar a novas estimativas que preveem a elevação da mesma para 12,0% a.a. no mesmo período.

Na nossa avaliação, diversos fatores contribuíram para essa alteração na percepção dos agentes de mercado, entre elas destacam-se: i) uma maior resiliência dos indicadores de atividade econômica; ii) desancoragem das expectativas de inflação no horizonte relevante de política monetária; iii) depreciação da taxa de câmbio; iv) adoção de um tom mais hawkish por parte do diretor de política monetária; e v) uma piora da dinâmica da inflação corrente.

Embora os fatores citados atuem na direção de corroborar uma alta de juros nas próximas reuniões do Copom, entendemos que o cenário se mostra mais incerto, trazendo dúvidas em relação aos próximos passos a serem adotados pelo BC. Em primeiro lugar, cabe destacar a inclusão do cenário alternativo na comunicação do Copom, no qual a manutenção da taxa Selic em 10,5% a.a. até o primeiro trimestre de 2026 seria condizente com a convergência da inflação para um patamar próximo da meta (3,2%). Este fato sinaliza que há um entendimento por parte do BC de que a estratégia de manter a taxa de juros inalterada é capaz de promover a convergência de preços da economia.

Além disso, apesar dos fundamentos da economia terem se deteriorado, as falas do atual presidente Roberto Campos Neto seguem sugerindo que o BC atuará de maneira cautelosa, evitando o “ruído de curto prazo” para definir a condução da política monetária a partir dos dados a serem divulgados reunião a reunião. Esta mensagem vai na direção contrária do discurso mais duro adotado por Galípolo em suas últimas falas onde sinalizou explicitamente que a possibilidade de alta de juros está sobre a mesa e que o balanço de riscos para a inflação, em sua avaliação, se mostra assimétrico. Nesse contexto, observa-se que ainda não há um consenso por parte do BC sobre o movimento a ser feito na próxima reunião que, combinada as falas mais recentes ressaltando a importância de decisões mais coesas entre os diretores, deve fazer com que o BC não eleve a taxa de juros na reunião de setembro.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações