Iniciamos a semana com a divulgação de dados importantes sobre atividade, tanto no Brasil quanto na China. No que diz respeito ao cenário doméstico, o IBC-Br, indicador que funciona como uma prévia do PIB, surpreendeu o mercado com uma queda de 2,0% na passagem de abril para maio. Este resultado corrobora a nossa expectativa de desaceleração da economia a partir do segundo trimestre, em linha com o atual ciclo de aperto monetário e de deterioração dos indicadores do mercado de crédito, sobretudo no segmento de crédito livre para as famílias.
Na mesma direção, os dados do PIB chinês referentes ao segundo trimestre apontaram para uma taxa de crescimento no período que frustrou o mercado. Segundo dados do órgão de estatísticas do governo (NBS), o PIB avançou 6,3% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, vindo abaixo das expectativas de 7,1% a/a. Vale destacar que devido ao efeito base depreciado, devido aos severos lockdowns aplicados na cidade de Xangai no segundo trimestre de 2022, a expansão de 6,3% deve ser interpretada com cautela.
Uma análise mais cuidadosa dos dados aponta que a economia asiática segue sofrendo com o enfraquecimento de sua demanda interna ao passo em que as suas exportações também são penalizadas por um contexto de desaceleração global. Por um lado, a produção industrial surpreendeu positivamente ao avançar 4,4% a/a, superando as expectativas de expansão de 3,0% a/a. Em contrapartida, as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos seguiram em trajetória de desaceleração, com a primeira vindo abaixo do consenso de mercado ao expandir 3,1% em junho, após alta de 12,7% no mês anterior.
Os números divulgados ficaram em linha com a nossa expectativa de crescimento tanto para o Brasil quanto para China em 2023. Para o primeiro, projetamos um crescimento de 0,1% no segundo trimestre e de 1,9% no ano. Já para o país asiático, estimamos uma expansão do PIB de 5,0% no ano, ficando abaixo do consenso de mercado que tem como projeção mediana alta de 5,5%. Vale destacar que seguimos com um viés baixista para a projeção do PIB da China em 2023, em linha com os diversos desafios que a economia terá que enfrentar pela frente, sobretudo aqueles advindos da crise no mercado imobiliário e de uma combinação anêmica das demandas internas e externas.