Os dados divulgados na semana passada no Brasil mostraram desaceleração tanto da atividade quanto da inflação. O IBC-Br apresentou queda de – 2,0 no mês de maio em relação a abril, o Monitor do PIB calculado pela Fundação Getúlio Vargas estimou uma queda do PIB de – 3,0% no mesmo intervalo, o CAGED mostrou a criação de 157 mil postos de trabalho formais, quando as expectativas eram de criação de 162 mil postos de trabalho e desaceleração na geração de empregos formais de 1.338 mil no primeiro semestre de 2022, para 1.024 mil no primeiro semestre de 2023. O único dado que continua a mostrar melhora é a taxa de desemprego, que caiu para 8,0% da força de trabalho, enquanto as expectativas apontavam para 8,3%.
Ao mesmo tempo, o IPCA-15 teve comportamento positivo, tanto no índice cheio quanto na composição. I índice cheio apresentou deflação de – 0,07% (expectativas de – 0,03%), a média dos núcleos de inflação desacelerou de 0,35% para 0,09%, a inflação de serviços caiu de 0,56% para 0,36% e serviços subjacentes foi de 0,56% para 0,35%. Esta é a terceira desaceleração consecutiva da média dos núcleos e da inflação de serviços, o que fez com que a inflação destes segmentos, na ponta, ou seja, a média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada, um indicador do comportamento da taxa de inflação na margem, saísse de 6,5% para 4,0% e de 8,0% para 5,5% ao ano, respectivamente. E o índice de difusão dos aumentos de preços caiu de 50,68% para 47,96%,
Com esta significativa desaceleração da atividade e dos núcleos de inflação e da inflação de serviços na ponta, nossa avaliação é que o Copom deverá iniciar o processo de redução da taxa de juros na reunião desta semana, em 0,25 pontos de porcentagem. Ainda que muitos analistas estejam projetando queda de 0,5 p.p., como as expectativas para a inflação em horizontes mais longos, assim como as projeções para a inflação tanto dos analistas quanto do próprio Banco Central, continuam significativamente acima das respectivas metas, é pouco provável que o movimento inicial seja desta ordem de magnitude. De qualquer forma a decisão, qualquer que seja ela, não deverá ser unânime.