No início do ano, após o anúncio do Novo Arcabouço Fiscal, a inflação implícita (medida pela diferença entre taxa de juros nominal dos títulos prefixados e a taxa de juros real dos títulos indexados à inflação), que possui um componente tanto de risco como de inflação esperada, passou a recuar consideravelmente por conta da redução do seu componente de risco, que estava captando a redução do risco fiscal.
Mais à frente, quando a inflação corrente passou a surpreender para baixo e ficou claro que o Conselho Monetário Nacional (CMN) ia manter a meta de inflação em 3,0%, foi a vez do componente de expectativas da inflação implícita passar a contribuir para a queda.
Atualmente, temos uma interrupção da queda das expectativas de inflação por conta da percepção de que o Banco Central pode vir a ser mais leniente com a inflação daqui em diante. No final do ano o atual governo indicará mais dois diretores e, no final de 2024, o presidente da autoridade monetária. As expectativas de inflação para 2025 e 2026 se estabilizaram num patamar acima da meta, em 3,50%. Concomitantemente a isso, o componente de risco da inflação implícita voltou a aumentar por conta da percepção de que a aprovação das medidas de aumento de arrecadação no Congresso nesse segundo semestre será insuficiente para o atingimento das metas de resultado primário presentes no Novo Arcabouço Fiscal.