O Ministério da Fazenda lançou ontem um programa para disponibilizar hedge cambial para investimentos estrangeiros diretos de longo prazo na economia brasileira. Segundo o Secretário do Tesouro, Rogério Ceron, o objetivo é diminuir o custo/retorno dos investimentos externos no Brasil e, com isto, aumentar a entrada de investimentos diretos no país.
Segundo o secretário do Tesouro, a participação do capital estrangeiro privado de longo prazo no investimento no Brasil é de 6%, menos da metade da média dos países emergentes, que atinge 14%. Por outro lado, a taxa de retorno exigida pelos investidores privados estrangeiros para investir em projetos de longo prazo no Brasil é de 12,5% enquanto na média dos emergentes é de 10% e na União Europeia 4%. Em outras palavras, não apenas Brasil atrai menos capital estrangeiro privado que a média dos emergentes, assim como estes investidores exigem uma taxa de retorno mais elevada para investir no Brasil.
Sem dúvida, a volatilidade da taxa de câmbio é um fator importante na determinação do volume de investimentos diretos estrangeiros no Brasil. Entretanto, outros fatores devem ser ainda mais importância. Entre estes, podemos destacar: uma das maiores relações dívida/PIB do mundo emergente, tentar reestatização a Eletrobrás, interferir na escolha do CEO da Vale, interferir na política monetária e na politica de preços de combustíveis da Petrobras, mudar o marco regulatório do saneamento por decreto, entre outras. São atitudes deste tipo que, ao gerarem grande aumento da incerteza, fazem com que a taxa de retorno exigida pelos investidores para investir no Brasil seja mais elevada que na média dos emergentes.