Economia

Publicado em 10 de Julho às 18:21:53

IPCA de junho segue corroborando moderação da demanda

Ontem foi divulgado o índice oficial de inflação do Brasil referente ao mês de junho. De acordo com o IBGE, o IPCA registrou variação 0,24% m/m no mês de junho, acima da nossa expectativa de 0,21% m/m e acima da expectativa de mercado de 0,20% m/m. No acumulado em 12 meses, o índice registra variação de 5,35%, acima do teto da meta de inflação de 4,5% e mais ainda do centro da meta de 3,0%. Apesar do nível de variação ainda estar elevado, a variação acumulada em 12 meses vem reduzindo desde março de 2025, onde se encontrava em torno de 5,5%.

A inflação de junho mostrou melhoras. Itens sensíveis a demanda, como restaurantes e serviços intensivos em trabalho, mostraram arrefecimento considerável, abaixo do esperado pela nossa projeção. Na parte dos alimentos, proteínas e café corroboram tendência de queda para os próximos meses. Nos bens industriais, como roupas, eletrodomésticos e automóveis, o índice segue apontando lateralização dos preços, movimento em linha com um câmbio mais apreciado e commodities em baixa. A composição do índice segue favorável, em linha com a leitura de maio e do IPCA15 de junho.

A pergunta mais natural é se o sucesso da desinflação corrente é mérito da política monetária. Em parte, pode se dizer que sim, uma vez que as elevadas taxas de juros contribuem com uma taxa de câmbio mais apreciada, o que causa queda na inflação.

Agora, quando consideramos o principal canal de transmissão da política monetária, que é o arrefecimento da demanda agregada, os dados de atividade e mercado de trabalho vão na outra direção. Ainda assim, em nossa avaliação, o IPCA de conjunto de maio e junho são evidências que corroboram moderação da demanda e efetividade da política monetária.

Caso a política fiscal não volte a estimular a demanda nos próximos meses, estaremos enquadrados no intervalo de tolerância da meta de inflação em tempo hábil, talvez no primeiro ou segundo trimestre de 2026. Agora, com alguns impulsos fiscais já contratados e um ano de eleição à frente, seguimos céticos que esse será o cenário para o médio prazo. 

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