No dia de hoje, o IBGE divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,48% na comparação com o mês de agosto, ligeiramente abaixo da nossa expectativa de 0,50% m/m. Com esse resultado o IPCA acumula variação de 5,17% nos últimos 12 meses.
Entre os grupos acompanhados pelo Banco Central, serviços se destacou ao avançar apenas 0,13% no mês de setembro, enquanto expectativa era de alta de 0,22%. Não apenas por se tratar de um erro de projeção incomum, o destaque do dado realizado está no arrefecimento concentrado em apenas três itens, todos relevantes para avaliar a dinâmica de curto prazo da economia: serviços de estética, alimentação fora do domicílio e conserto de automóveis. Esses componentes fazem parte dos serviços subjacentes, grupo monitorado de perto pelo Banco Central para observar a transmissão da política monetária via desaquecimento da demanda.
É importante notar que até o dado de hoje, observava-se de forma consistente, nas últimas divulgações, um vetor baixista associado à apreciação cambial, que vem se beneficiando de um DXY mais depreciado, colaborando para o arrefecimento dos preços de alimentos e bens industriais. Por outro lado, a leitura do grupo de serviços vinha se mantendo relativamente estável, o que não ocorreu no IPCA de setembro.
Mesmo que os serviços subjacentes indiquem uma possível mudança de tendência no grupo, a leitura de um qualitativo mais favorável ainda deve ser feita com cautela. Os núcleos corroboram o diagnóstico positivo de que, de fato, estamos observando uma desaceleração dos preços na economia, mas esse arrefecimento segue concentrado em poucos itens. Ainda que reflitam condições de demanda menos intensas, uma das métricas de núcleo sugere piora considerável na dispersão dos aumentos de preços, reforçando que o alívio inflacionário é, por ora, parcial e localizado.