A divulgação do Livro Bege nessa quarta-feira (23/10), publicação que mede as condições econômicas de momento nos doze distritos do Fed (banco central norte-americano), mostrou pouca alteração da atividade econômica na quase totalidade dos distritos, ao passo que o emprego registrou um aumento na margem.
Esse crescimento mais modesto da atividade econômica aconteceu em decorrência da queda na atividade manufatureira, em linha com os dados mais recentes da produção industrial e do índice de gerentes de compra (PMI) da indústria. Por outro lado, a despeito dessa fraqueza da indústria norte-americana, o PIB ainda deve apresentar um crescimento econômico robusto no 3º trimestre (3,4% t/t na métrica anualizada, pela estimativa do GDPNow do Fed de Atlanta) puxado pelo setor de serviços.
Já os salários continuaram crescendo, ainda que em ritmo menor, dado esse que veio ao encontro apenas da métrica de salários do setor privado (ADP), que recuou 0,1 p.p. na passagem de agosto para setembro (4,7% a/a, ante 4,8% a/a), uma vez que a taxa de variação dos salários nos setores não-agrícolas (payroll) registrou movimento contrário, saindo de 3,9% a/a para 4,0% a/a no mesmo período.
Por sua vez, os preços dos insumos registraram uma alta maior do que os de venda dos produtos finais, pressionando as margens dos negócios. Esse aumento nos preços ao nível do produtor juntamente com um espaço limitado para repasses ao consumidor pode ter ocorrido devido a passagem de furacões pelo sul do país, afetando negativamente vários setores da economia.
Por fim, por conta das taxas de juros ainda em patamares elevados, a demanda por empréstimos apresentou resultados mistos, ao mesmo tempo em que o mercado imobiliário operou próximo da estabilidade. De modo geral, o cenário retratado pelo Livro Bege dá suporte para a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA, mas em magnitude menor daqui em diante, com cortes de juros de apenas 25 pontos base e, possivelmente, em reuniões do Fed não sequenciais.