A divulgação do Livro Bege, publicação que mede as condições econômicas de momento nos doze distritos do FED (Banco Central norte-americano), mostrou pouca ou nenhuma mudança no nível de atividade econômica das regiões em comparação com o último documento de setembro. Os gastos com consumo exibiram comportamento misto devido a diferenças de preços e produtos entre os distritos. O setor de turismo continuou a crescer após anos de demanda reprimida por conta da pandemia. A atividade industrial também apresentou comportamento heterogêneo, embora as perspectivas futuras para o setor tenham melhorado. As consultas ao setor bancário, por sua vez, reportaram quedas não desprezíveis na demanda por empréstimos.
Em relação ao mercado de trabalho, as condições continuaram a afrouxar de maneira disseminada entre os vários distritos. Embora a rotatividade tenha caído de modo geral, a sua queda foi mais pronunciada entre a parcela mais velha dos trabalhadores, que estão se mantendo nos seus postos de trabalho atuais ou retornando para a força de trabalho em ocupações de meio período em alguns distritos. Por outro lado, a maioria das regiões pesquisadas reportou que os desafios no recrutamento de profissionais mais qualificados permanecem. Além disso, o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações tem caído à medida que a contratação de mão de obra por parte das firmas se tornou menos urgente, ao mesmo tempo em que os indivíduos passaram a procurar trabalho mais ativamente.
Já no tocante aos preços, esses continuaram a se elevar num ritmo modesto de modo geral. Contudo, essa alta não se deu de maneira homogênea entre os diferentes setores. Para a indústria, os preços dos insumos sofreram desaceleração enquanto para o setor de serviços foi registrado elevação. Os itens que mais contribuíram para a alta dos preços no período foram: combustíveis, seguros e salários. O fato de os preços de venda (ao consumidor) terem subido menos do que os preços dos insumos (ao produtor) ajudou a espremer as margens das empresas. A boa notícia é que as margens de lucro das empresas, que vinham sendo responsáveis por uma parcela considerável da inflação nos Estados Unidos até agora (espiral preço-lucro), devem absorver grande parte da alta dos salários e dos preços dos insumos, amenizando os impactos sobre a inflação cheia.
Tomados em conjunto, os dados acima devem permitir ao FED manter a taxa de juros inalterada no intervalo entre 5,25% e 5,50% na próxima reunião de novembro, mas ao mesmo tempo ainda deixa em aberto a possibilidade de uma alta de juros de 25 pontos-base na última reunião do ano em dezembro.