A divulgação da publicação que mede as condições econômicas de momento nos 12 distritos da economia norte-americana, o Livro Bege, mostrou sinais mistos.

Em relação a atividade econômica, 6 dos 12 distritos reportaram um declínio modesto e 3 relataram uma performance econômica lateralizada, enquanto apenas 3 apresentaram uma expansão moderada em maio. O Livro Bege referente ao mês de abril já havia apontado para uma possível inflexão da atividade econômica após a forte incerteza econômica trazida pela guerra comercial se alastrar além das sondagens (“soft data”), atingindo também os dados da economia real (“hard data”).

As perspectivas futuras continuam incertas e com um viés mais pessimista em vista da incerteza elevada, o que vem fazendo com que as firmas e os indivíduos repensem as suas decisões de consumo e investimento, ajudando a frear o repasse da alta de preços ao nível do produtor para o consumidor, postergando, assim, o surgimento do impacto do aumento das tarifas de importação sobre a inflação.

Os dados do último PCE (personal consumption expenditures) já haviam captado tal movimento, com o forte descasamento entre a renda e os gastos pessoais levando a uma forte alta da taxa de poupança. Uma vantagem disso é que a boa situação financeira das famílias norte americanas (renda e poupança elevadas) permite que os gastos pessoais sejam rapidamente retomados quando o atual cenário de incerteza elevada se dissipar.

O mercado de trabalho, por sua vez, apresentou sinais incipientes de desaceleração como menor demanda por mão de obra, postergamento de algumas contratações e redução no número de horas trabalhadas. Por outro lado, o mercado de trabalho ainda permanece aquecido, com os salários ainda registrando expansão, a maioria dos distritos relatando estabilidade no emprego e três deles registrando altas consideráveis. A resiliência do emprego é algo esperado dado que em momentos de inflexão do ciclo econômico essa variável é sempre uma das últimas a reagir.