A decisão do Ministério da Fazenda de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos de fundos brasileiros no exterior, a forma como esta decisão foi apresentada na entrevista coletiva da equipe econômica, anunciando bloqueio e contingenciamento de R$ 31,3 bilhões mas sem a presença dos dois ministros, que decidiram sair antes do anúncio do aumento do IOF, a escolha de taxar os investimentos no exterior com opções muito menos discutíveis como impostos sobre bets, bebidas, entre outros, para gerar aumento de “apenas” R$ 2,00 bilhões de receitas necessárias para atingir a meta fiscal, gerou forte reação dos investidores.

A reação negativa dos investidores logo após o anúncio do IOF, o cancelamento do aumento do imposto ao longo da madrugada de quinta para sexta feira, a declaração do Secretário executivo do Ministério da Fazenda de que o Presidente do Banco Central teria sido informado sobre a medida, que foi desmentido pelo Ministro, e os boatos que vieram à tona sobre as discussões de bastidores dentro do governo sobre a possibilidade de tributar os investimentos no exterior desde janeiro de 2025, incomodou e continua a incomodar os investidores.

Diante das idas e vindas do Ministro da Fazenda, as discussões de bastidores em janeiro, a taxação dos movimentos de capital teria sido descartada apenas devido á posição contrária do Presidente do Banco Central. Porém, a escolha desta alternativa na semana passada indica que o governo parece disposto a voltar a adotar controles sobre o movimento de capitais no país.

Se o governo conseguir controle sobre o movimento de capitais, teria controle sobre o comportamento da taxa de câmbio e, desta forma, mais liberdade para fazer uma política fiscal mais expansionista e populista, com menos preocupação com as metas fiscais e com as desvalorizações do Real e seus efeitos sobre a taxa de inflação no curto prazo. É mais que uma trapalhada.