A divulgação dos dados do mercado de crédito referentes a novembro apontou para a continuidade de um cenário de desaceleração, embora gradativo e sem rupturas, ainda refletindo os efeitos defasados de uma política monetária contracionista. Analisando os dados na métrica anual, fica clara a perda de fôlego nas principais aberturas, com as do saldo de concessões de crédito desacelerando desde junho de 2022 tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas.
Contudo, alguns dados já passaram a demonstrar algum sinal de melhora, como é o caso da taxa de inadimplência das pessoas físicas na esteira do Programa Desenrola do governo federal e da redução do uso da modalidade de crédito rotativo, evidenciando a melhora no perfil de crédito das famílias.
Diante desse cenário, a diretriz dada pelo Banco Central, que deve manter uma política monetária restritiva, impõe uma barreira para uma melhora mais substancial do mercado de crédito. As incertezas em relação a execução do arcabouço fiscal e a continuidade da desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos demandam que a autarquia tenha uma postura mais conservadora na condução da política monetária, não tomando muitos riscos, o que tem o potencial de deteriorar ainda mais os indicadores de crédito da economia brasileira. Por outro lado, o ciclo de crédito deve se beneficiar de um cenário externo mais favorável em 2024, com uma maior convergência inflacionária entre os países abrindo espaço para um ciclo de afrouxamento monetário mais abrangente.