No cenário internacional, inflação acima do esperado nos Estados Unidos, persistentes sinais de mercado de trabalho apertado no país, o agravamento da tensão geopolítica no Oriente Médio com consequente aumento do preço do petróleo, deram o tom negativo da semana e levaram alguns dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, a indicar que o início do processo de queda da taxa de juros no país poderá ser novamente adiado para mais perto do final do ano.
No Brasil, dúvidas crescentes sobre a solidez do arcabouço fiscal, notícias de que o governo pretende reduzir a meta de superávit primário do setor público em 2025, denúncias de arbitrariedades e restrições à liberdade de expressão por parte do Supremo Tribunal Federal, feitas pelo proprietário da rede social X (ex-twitter), Elon Musk, persistência da disputa pelo controle da Petrobras entre membros do governo, dominaram o cenário.
Em conjunto, estes desenvolvimentos levaram a quedas importantes nos preços dos ativos financeiros no Brasil, desvalorização do Real frente ao Dólar, que atingiu R$ 5,13/US$ 1,00, deslocamento para cima da curva de juros e queda dos preços das ações.
Em especial, o persistente adiamento do início da queda dos juros nos Estados Unidos e a consequente redução do diferencial entre os juros americanos e brasileiros, começa a preocupar alguns investidores, o que já está desencadeando um movimento de aumento do nível terminal da SELIC no atual ciclo de política monetária.
Finalmente, o ataque do Irã a Israel na noite de sábado e a provável reação de Israel, poderá gerar forte aumento dos preços do petróleo, pressão sobre a taxa de inflação nos Estados Unidos, fuga generalizada de investidores para o Dólar, valorização da moeda americana e, na mais otimista das hipóteses, adiamento do início do processo de queda dos juros no país ou, até mesmo, aumento e não de queda das taxas de juros. Um cenário que, se se materializar, deverá forçar o Banco Central do Brasil a interromper o processo de queda da SELIC. Muita incerteza à frente.