Dados do mercado de trabalho norte-americano divulgados na última sexta-feira (05/01) frustraram o mercado, cujo otimismo exacerbado com o início prematuro do ciclo de afrouxamento monetário foi, em parte, dissipado. Com isso, as apostas para o primeiro corte de juros devem se deslocar de março para meados de junho.
A reação dos mercados só não foi pior porque o dado do Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), veio bem abaixo do esperado (50,6 vs. 52,6).
Por outro lado, um dado do mercado de trabalho que veio mais em linha com as projeções foi o do número de vagas em aberto (JOLTS), uma métrica de demanda por mão de obra, que registrou 8,79 milhões ante expectativa de 8,77 milhões. Apesar de não ter apresentado uma boa correlação com a geração de postos em setores não-agrícolas (payroll) desde a mudança metodológica adotada em 2022, a criação de vagas no setor privado (ADP) configurou uma boa prévia para o payroll de dezembro, com o número de postos gerados pelo setor privado surpreendendo para cima.
Contudo, vale destacar que os números referentes ao emprego no setor privado vêm sendo superestimados e sofreram revisões baixistas em vários meses de 2023. Nesse sentido, o número mais forte do payroll de dezembro, puxado pela criação de vagas mais robusta justamente nesse setor, deve ser interpretado com cuidado também por conta da sazonalidade mais favorável de final de ano. Em 2024, o ritmo mensal de criação de vagas deve desacelerar para 125 mil, ante os 225 mil registrados em 2023. Essa redução estaria em consonância com o cenário de “pouso suave”, que, conforme a própria secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, já estaria se materializando.