Economia

Publicado em 30 de Junho às 03:21:34

O relatório de política monetária trimestral do Banco Central

Na quinta-feira da semana passada, o Banco Central divulgou seu relatório trimestral de política monetária. Nesse relatório, é descrito com detalhes o cenário macroeconômico atual enxergado pela autoridade monetária. Após descrição, o documento é encerrado com premissas de projeção e, finalmente, as projeções de inflação até 2027.

A mensagem geral do relatório é praticamente a mesma da ata. Uma atividade econômica resiliente, que deve arrefecer necessariamente para que a política monetária consiga diminuir a inflação de forma consistente. Por ser um relatório técnico, diferentemente da ata e do comunicado, o relatório se debruça nos impactos baixistas da taxa de câmbio e do preço do petróleo para explicar a melhora do cenário corrente de inflação. Além disso, o Banco Central diagnostica corretamente que a atividade e o mercado de trabalho não estão mostrando redução clara de ritmo, comportamento necessário para a desinflação almejada.

Após vasta descrição do cenário, a autoridade divulga suas projeções de inflação, trimestre a trimestre, até o final de 2027. Ele também detalha alguns condicionantes importantes para a projeção, como a trajetória presumida para a taxa de câmbio e o preço do petróleo. As projeções também presumem que a taxa Selic seguirá como esperado pela pesquisa Focus (expectativas de mercado), encerrando 2026 em torno de 12,50%. O Banco Central projeta que o IPCA encerrará 2025 e 2026 em 4,9% e 3,6%, respectivamente. Além disso, espera que em 2027 o IPCA encerrará o ano em 3,2%, ainda acima do centro da meta de inflação de 3,0%.

Vemos apenas um único problema nessas projeções. Aparentemente, pelo menos em nossa replicação do modelo deles, os impulsos fiscais já contratados não parecem entrar como impulsos de demanda, ou se entram possuem impacto pequeno. Portanto, avaliamos que impulsos fiscais consistem como um elevado risco altista na projeção da autoridade monetária, potencialmente estimulando a demanda agregada e desfazendo o trabalho da política monetária. Em nossas estimativas, a cada R$ 30 bilhões de medidas fiscais, há um aumento de 0,25 p.p. na inflação após 1 ano, ou seja, se somarmos as medidas de crédito consignado, isenção do IR, precatórios e aumento de benefícios sociais, a projeção de inflação de 2026 já sairia de 3,6% para 4,6%. Um fator de risco importante a se considerar.

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