A vitória folgada do candidato republicano, Donald Trump, ganhando em todos os sete “estados pêndulo” e no voto popular, aliada a formação de uma ampla maioria no Senado assim como uma provável maioria na Câmara, deve dar muito mais força política para ele nesse segundo mandato em relação ao que ele obteve na sua primeira passagem pela presidência.
Esse novo equilíbrio de forças deve levar a um cenário de expansão fiscal modesta, menores taxas de imigração e tarifas de importação mais altas (principalmente sobre a China).
Tal contexto permitiria uma total renovação do corte de impostos instituído no primeiro governo Trump em 2017 que expira no final do ano que vem, além de um aumento de gastos federais com defesa nacional, que já vem se expandindo em um ritmo forte nos últimos trimestres. Essas medidas acarretariam num aumento do déficit primário que, por sua vez, deveria ser contrabalançado pelo aumento das tarifas de importação. Além do efeito sobre a arrecadação, as tarifas resultariam em um efeito único de nível sobre os preços e um impacto negativo sobre a atividade econômica.
No tocante ao tema da imigração, achamos que o desejo da nova administração é que ela retorne para os níveis que vigoravam antes da pandemia (por volta de 1 milhão por ano) no primeiro governo Trump ou até mesmo que caia abaixo disso.
Já no que diz respeito as medidas de desregulamentação, que tendem a gerar mais competitividade e ganhos de produtividade da economia, elas devem se concentrar nos setores financeiro, de energia e tecnológico (abrandamento de políticas antitruste).
Em relação aos impactos sobre o Brasil, essa remodelagem do cenário americano e global vem num momento ruim para a economia brasileira, no qual as principais variáveis macroeconômicas (juros e câmbio) estão estressadas em decorrência da demora do governo em apresentar um pacote fiscal de contenção de despesas.