Ontem, tivemos a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de junho. Nesse sentido, o indicador encerrou o segundo trimestre em território negativo, ao registrar contração de 0,06% m/m, vindo ligeiramente pior do que o consenso de mercado (0,05% m/m, Broadcast+) e do que a nossa projeção de alta para o mês (0,2% m/m). Apesar da frustração na comparação mensal, na variação interanual, o número registrado surpreendeu positivamente o mercado ao apontar para uma expansão de 1,4% a/a, ante expectativas de 1,25% a/a do consenso de mercado (Broadcast+) e do que a nossa de alta de 1,1% a/a.
Assim como no mês anterior, o desempenho do indicador foi derivado principalmente do recuo no subíndice da agropecuária (-2,3% m/m), que deu sequência aos três recuos consecutivos observados nos meses imediatamente anteriores, compensando as fortes altas observadas nos primeiros meses do ano que levaram o indicador para o nível mais elevado da sua série histórica. Por sua vez, a indústria registrou contração de 0,1% m/m, ao passo em que os serviços avançaram 0,1% m/m, renovando o nível mais elevado já registrado em sua série histórica.
Com este resultado, o IBC-Br deu continuidade à queda observada em maio (-0,7% m/m), reforçando a percepção de que a economia brasileira está passando por um processo de inflexão, saindo de uma trajetória de forte expansão observada no 1T25, para um processo de arrefecimento gradual. Reforça esta percepção o fato de que o componente que exclui a agropecuária (IBC-Br ex-agro) registrou alta de 0,1% m/m, revertendo parcialmente o recuo de 0,3% m/m do mês de maio, corroborando a percepção de que a economia segue resiliente, apesar de apresentar sinais de arrefecimento, mesmo diante de um contexto macroeconômico significativamente adverso.
Com este resultado, revisamos as nossas projeções tanto para o crescimento do segundo trimestre da economia brasileira quanto do ano cheio. O primeiro saiu de 0,5% t/t para 0,4% t/t enquanto o segundo saiu de 2,4% para 2,3%. Cabe destacar que, se, por um lado, um maio dinamismo da economia contribui positivamente para o fiscal, por outro, o mesmo deve pesar sobre a condução da política monetária, contribuindo para que a taxa Selic permaneça significativamente contracionista por mais tempo.
Na nossa avaliação, o resultado se soma às leituras recentes do mercado de trabalho, que continuam indicando uma economia aquecida e acima do potencial, o que deve levar o BC a manter a condução da política monetária com cautela. O principal risco é que, diante da perspectiva de desaceleração da atividade, o governo recorra a uma reativação fiscal em função da proximidade do ciclo eleitoral, afastando ainda mais a convergência da inflação para a meta, tornando esse objetivo do BC cada vez mais distante de ser alcançado.