Após a reação fortemente negativa dos investidores ao anúncio do pacote de contenção de gastos do governo federal, que fez com que a taxa de câmbio atingisse R$ 6,11 por Dólar, as taxas de juros ultrapassem 14,0% ao ano em todos os vencimentos e o IBOVESPA caísse abaixo de 126 mil pontos, os últimos dois dias mostraram uma pequena melhora nos preços dos ativos financeiros.
A aprovação da urgência por parte da Câmara dos deputados para a votação de dois dos projetos enviados ao Congresso, ainda que com maioria apertada, é um sinal de que pelo menos parte do programa de contenção deverá ser aprovada no Congresso ainda este ano e foi um fator importante de tranquilização dos investidores.
Entretanto, os problemas fundamentais permanecem sem solução. Por um lado, como já dissemos neste espaço, a proposta não consegue estabilizar a relação dívida/PIB, que caminha para fechar o ano de 2024 próximo a 80%. Por outro lado, o anúncio do aumento do limite de isenção do Imposto de Reanda para R$ 5.000,00 sugere que o governo Lula já está no projeto de reeleição, o que indica que, a partir de agora, a prioridade é aumentar a popularidade do Presidente, custe o que custar.
A reação do Ministro da Fazenda indicando que os investidores não entenderam a proposta, que houve um problema de comunicação e que a reação foi exagerada, indica que o próprio Ministro tem pouca ou nenhuma convicção da necessidade de se fazer um ajuste fiscal efetivo e reforça a perda de credibilidade do Ministro diante dos investidores. E, sem convicção e credibilidade, a tendência é de deterioração sistemática dos preços dos ativos financeiros.