Os dados do fluxo cambial de 2024, divulgados pelo Banco Central na terça feira, mostram uma importante saída de recursos estrangeiros do país.
Apesar de a balança comercial do Brasil em 2024 ter apresentado o segundo maior superavit da série histórica, US$ 74,5 bilhões, o fluxo cambial total para a economia brasileira apresentou um desempenho bastante negativo, – US$ 18,0 bilhões, o pior desde 2020, ano da pandemia do COVID.
O fluxo cambial positivo decorrente do elevado superavit comercial foi mais que compensado pelo fluxo financeiro, que inclui remessas de lucros, dividendos, investimentos em ações, e fundos em geral, que atingiu – US$ 87,214 bilhões, o maior da série histórica. Esta fuga de recursos foi uma reação à decepção dos investidores com os termos do programa de contenção de gastos divulgado pelo governo em novembro de 2024, considerado pelos investidores como muito tímido e incapaz de conter o crescimento da dívida em um horizonte relevante, o que gerou grande perda de credibilidade da política fiscal.
Para evitar que esta fuga de recursos gerasse descontrole sobre a evolução da taxa de câmbio, o Banco Central vendeu US$ 21,6 bilhões de suas reservas, somente no mês de dezembro do ano passado. O episódio mostra a importância da credibilidade da política fiscal para a estabilidade econômica.