A primeira prévia do PIB americano do segundo trimestre veio consideravelmente acima da mediana das projeções dos analistas de 1,8% t/t e avançou 2,4% t/t a uma taxa anualizada. A maior contribuição positiva para esse resultado veio dos gastos com consumo pessoal (1,1 p.p), que passaram de expansão de 4,2% no primeiro trimestre para uma alta de 1,6% agora, ante expectativas de 1,2%. O destaque negativo foi para as exportações líquidas, que apresentaram contribuição de -0,12 p.p, puxadas principalmente pelas exportações (impacto de -1,28 p.p).
Esses resultados deixam sinais mistos para o banco central norte-americano (Fed). Se por um lado a atividade mais forte, puxada principalmente por uma expansão acima das estimativas do consumo pessoal, aponta para a necessidade de uma alta de juros adicional nesse segundo semestre, o núcleo de inflação mais baixo que o esperado (3,8% t/t anualizado, ante expectativas de 4,0%), aliado a uma variação de estoques positiva, pode indicar o possível fim do ciclo de aperto monetário nos EUA.
O problema é que os juros altos têm impactado relativamente pouco a atividade econômica comparativamente a ciclos de aperto monetário anteriores. Como as principais dívidas das famílias (hipotecárias, estudantis, automobilísticas) são pré-fixadas e estão travadas em taxas de juros baixas, o movimento de alta da fed funds rate por parte do Fed é parcialmente mitigado. Com isso, as condições financeiras não ficam tão apertadas e os gastos dos consumidores não arrefecem como o esperado. Nessa seara, a esperança de conter um pouco a demanda agregada viria do término do excesso de poupança das famílias, o que deve ocorrer em algum momento ao longo desse segundo semestre.