Economia

Publicado em 02 de Setembro às 14:28:36

PIB confirma arrefecimento gradual da economia brasileira

O PIB brasileiro avançou 0,4% t/t no segundo trimestre de 2025, após alta de 1,3% t/t no 1T25, mantendo a trajetória de crescimento iniciada em 2021 e renovando o maior nível já registrado em sua série histórica. O resultado veio ligeiramente acima do esperado pelo mercado (0,3% t/t, Broadcast+), mas em linha com nossa projeção, reforçando a leitura de que a economia segue em processo de desaceleração gradual em meio a um ambiente macroeconômico mais restritivo.

Pela ótica da oferta, o desempenho foi puxado pelos serviços (+0,6% t/t) e pela indústria (+0,5% t/t), enquanto a agropecuária registrou leve contração (–0,1% t/t) após o forte avanço do trimestre anterior. Dentro dos serviços, destacaram-se intermediação financeira, serviços de informação e transporte, que compensaram a estabilidade do comércio, segmento mais sensível ao crédito. Na indústria, a alta foi concentrada na extrativa (+5,4% t/t), ao passo que transformação e construção civil recuaram, refletindo os impactos da política monetária contracionista.

Do lado da demanda, o consumo das famílias seguiu como destaque positivo (+0,5% t/t; +1,8% a/a), beneficiado por um mercado de trabalho aquecido e atingindo novo recorde histórico. As exportações também contribuíram (+0,7% t/t), impulsionadas pela agropecuária e pela extrativa, enquanto a forte queda das importações (–2,9% t/t) ajudou a compor o resultado. Em contrapartida, o consumo do governo recuou (–0,6% t/t), possivelmente afetado pelo atraso na aprovação da LOA 2025, e a formação bruta de capital fixo caiu (–2,2% t/t), interrompendo seis trimestres consecutivos de alta.

Em nossa avaliação, o consumo das famílias e a agropecuária devem permanecer como principais motores de crescimento em 2025, apoiados por medidas recentes de estímulo e pelo pagamento de precatórios. Ainda assim, tais fatores não devem ser suficientes para evitar uma desaceleração do PIB de 3,4% em 2024 para 2,3% em 2025. Além disso, a taxa de investimento recuou para 16,8% do PIB, refletindo os riscos de um cenário macroeconômico adverso, ao passo que a taxa de poupança avançou para 16,3%, sugerindo uma recomposição da poupança após dois trimestres de queda.

Diante desse quadro, mantemos nossa projeção de crescimento de 0,5% t/t para o 3T25 e a expectativa de que a Selic encerre o ano em 15,0% a.a. O quadro reforça a leitura de uma economia que segue resiliente em alguns segmentos, mas cujo dinamismo tende a se reduzir de forma gradual, à medida que os efeitos defasados da política monetária se consolidam.

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