Economia

Publicado em 03 de Dezembro às 14:01:30

PIB corrobora aceleração da alta de Selic em dezembro

Ontem tivemos a divulgação do PIB referente ao terceiro trimestre de 2024. Os números apontaram para a continuidade da resiliência da atividade econômica, mesmo diante de um ambiente marcado por uma política monetária contracionista. O avanço foi de 0,9% t/t, vindo ligeiramente acima do consenso de mercado (0,8% t/t, Broadcast+) e sugere que a tão aguardada desaceleração da economia esperada para o segundo semestre ocorrerá de maneira significativamente mais lenta.

Na nossa avaliação, o bom desempenho do PIB teve como principais destaques o desempenho do setor de serviços pela ótica da oferta e do consumo das famílias pelo lado da demanda, sugerindo que a dinâmica de crescimento da economia, assim como nos trimestres anteriores, deriva de uma demanda interna aquecida.

Cabe destacar que a taxa de investimento como proporção do PIB avançou 1,0 p.p. na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Entretanto, avaliamos que devido à retomada do ciclo de aperto monetário por parte do BC e a significativa deterioração do risco fiscal brasileiro são fatores de risco relevantes que podem impactar a dinâmica dos investimentos nos próximos trimestres.

Em suma, apesar do menor impulso fiscal no segundo semestre, a economia brasileira se manteve mais resiliente do que o antecipado, refletindo os efeitos de um mercado de trabalho aquecido e da resiliência das concessões de crédito. Na nossa avaliação, o resultado de hoje é consistente com a nossa projeção de crescimento da economia de 3,4% no ano. Este número é derivado da nossa avaliação de que o consumo doméstico seguirá atuando como o principal driver de crescimento do ano, fato que vem sendo confirmado pelos indicadores o mercado de trabalho, que seguem apontando para um robusto desempenho no início do quarto trimestre.

Para o próximo ano, sob a expectativa de um ciclo de aperto monetário significativamente contracionista e as perspectivas positivas para o desempenho da agropecuária, projetamos que a economia deva registrar uma desaceleração para um ritmo de crescimento de 2,4%.

Vale ressaltar que, se por um lado, o bom desempenho da atividade econômica tende a ser um fator positivo para a arrecadação, por outro, a resiliência da economia é um fator e risco relevante para a inflação, demandando uma maior atenção por parte do BC na condução da política monetária nas próximas reuniões. Nesse contexto, acreditamos que o desempenho mais forte do que o esperado corrobora o cenário de aceleração de alta da Selic para 0,75 p.p. na próxima reunião do Copom de dezembro.

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