A divulgação do PIB brasileiro do segundo trimestre pelo IBGE nessa terça-feira (03/09) mostrou um crescimento econômico de 1,4% t/t, avanço que superou bastante a mediana das estimativas dos analistas (0,9% t/t, Broadcast+). Na comparação anual, a alta foi de 3,3% a/a, também vindo acima do esperado (2,6% a/a).
Pela ótica da oferta, o PIB da agropecuária recuou 2,3% t/t e 2,9% a/a, enquanto o PIB da indústria e dos serviços avançaram 1,8% t/t e 3,9% a/a, e 1,0% t/t e 3,5% a/a respectivamente.
Já pelo lado da demanda, a grande surpresa foi o avanço do consumo do governo, que cresceu 1,3% t/t e 3,1% a/a. O consumo das famílias se expandiu 1,3% t/t e 4,9% a/a. Após apresentar sucessivas retrações ao longo de 2023, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) está se recuperando ao longo do ano até aqui, tendo apresentado uma alta de 2,1% t/t e 5,7% a/a nesse segundo trimestre.
Tomados em conjunto, essas três aberturas do PIB pelo lado da demanda foram os principais responsáveis pelo crescimento econômico, dado que as exportações líquidas contribuíram negativamente para o crescimento do PIB por conta do maior vigor das importações na esteira de uma demanda doméstica superaquecida. As exportações avançaram 1,4% t/t e 4,5% a/a, taxas de crescimento que foram superadas, em muito, pelas das importações (7,6% t/t e 14,8% a/a).
As piores notícias desse dado de atividade econômica se situaram nos indicadores da taxa de investimento e da taxa de poupança. O primeiro sofreu uma redução marginal de 0,1 p.p., saindo de 16,9% para 16,8% do PIB na passagem do primeiro para o segundo trimestre, enquanto o segundo recuou 0,2 p.p., de 16,2% para 16,0% do PIB no mesmo período.
Por fim, a surpresa altista com o PIB do segundo trimestre fez com que nós revisássemos a nossa projeção de crescimento para o ano de 2024 de 2,6% para 2,9%. Esse número reflete nossa expectativa de que o consumo doméstico seguirá atuando como principal “driver” de crescimento do ano, fato que vem sendo confirmado pelos números do mercado de trabalho, que apontam para um desempenho robusto no início do segundo semestre. Vale ressaltar que, se por um lado o bom desempenho da atividade econômica tende a ser um fator positivo para o desempenho fiscal brasileiro através do aumento da arrecadação, por outro, acende um sinal de alerta para o Banco Central, visto que o aquecimento da demanda doméstica se mostra um importante fator de risco altista para a inflação no segundo semestre.