Economia

Publicado em 23 de Dezembro às 18:05:34

PIB forte nos EUA afasta inflação da meta

Após um atraso considerável devido ao shutdown do governo, o PIB dos EUA do 3º trimestre de 2025, que estava agendado inicialmente para o dia 30 de outubro, foi divulgado nessa terça-feira (23/12) e mostrou um crescimento econômico bem mais robusto do que o esperado (3,3% t/t, Bloomberg), avançando 4,3% t/t na métrica anualizada.

O “carro-chefe” desse crescimento exuberante foram os gastos com consumo pessoal das famílias norte americanas. A alta de 3,5% t/t no 3º trimestre superando em muito a aceleração que era esperada em relação ao 2º trimestre (de 2,5% t/t para 2,7% t/t). Da alta de 4,3% t/t do PIB cheio no período, 2,4 p.p. vieram dessa métrica.

Os gastos do governo apresentaram inflexão (2,2% t/t, ante -0,1% t/t) única e exclusivamente graças a retomada dos gastos com defesa (5,8% t/t, ante 0,9% t/t) na esteira do acirramento das tensões geopolíticas, uma vez que a política de enxugamento da máquina pública federal prossegue (gastos que não envolvem defesa continuaram em contração) e os dispêndios dos governos estaduais e locais continuaram crescendo (1,8% t/t).

Esse PIB mais forte do 3º trimestre é um bom indicativo para onde a economia norte americana deve caminhar em 2026 após o fim do shutdown do governo, que deve afetar negativamente os dados do 4º trimestre. A combinação dos incentivos fiscais previstos na “One Big Beautiful Bill” e da agenda de desregulamentação que a administração Trump pretende implementar deve fornecer um impulso significativo para a atividade econômica no ano que vem.

Já na seara inflacionária, o índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) acelerou na virada do 2º para o 3º trimestre, se afastando da meta de 2,0%, saindo de 2,1% t/t para 2,8% t/t na métrica trimestral anualizada. Por sua vez, o núcleo do PCE, que exclui energia e alimentos, saltou de 2,6% t/t para 2,9% t/t no mesmo período.

Esses dados de inflação pouco promissores, aliado com o “Pibão” do 3º trimestre, contribuem para que o banco central norte americano (Federal Reserve) adote uma postura de maior cautela na condução da política monetária. Nesse sentido, nosso cenário contempla uma Fed Funds rate inalterada (3,50-3,75% a.a.) na próxima reunião em janeiro e um afrouxamento monetário agregado de somente 50 pontos base em 2026.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações