Os dados da economia americana divulgados ao longo desta semana mostram um comportamento misto. Ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho (emprego no setor privado e número de vagas de emprego criadas em agosto abaixo das expectativas dos analistas), mostra sinais claros de desaquecimento, os indicadores de atividade, os índices de Gerentes de Compra (PMIs), mostram um comportamento ainda bastante positivo.

O PMI do S&P Global do setor de serviços atingiu 55,7 pontos em agosto contra expectativas de 54,7 pts. E o PMI composto atingiu 54,6 pt (expectativas de 54,1 pts), todos ainda em trajetória de crescimento e acima do nível de 50, que indica crescimento no futuro.

Esta disparidade indica que a economia americana está em desaceleração, mas longe de uma recessão. De um lado, dado o elevado grau de flexibilidade do mercado de trabalho, ele é o primeiro a reagir às políticas contracionistas, com redução das contratações, aumento lento mas gradual da taxa de desemprego e redução do ritmo de crescimento dos salários nominais. Por outro lado, a desaceleração da economia é mais lenta, mas indispensável para consolidar o comportamento do mercado de trabalho e levar a inflação para a meta do Federal Reserve.

Este é o momento mais delicado para a política monetária. Se cortar as taxas de juros muito cedo pode levar à volta da inflação. Se cortar muito tarde pode exacerbar a desaceleração do mercado de trabalho e gerar uma recessão mais forte que a necessária para levar a inflação à meta. Os dados do mercado de trabalho que serão divulgados hoje devem ser muito importantes para dar suporte a esta decisão. Este é o dilema do Federal Reserve.