Os sinais de desaceleração da economia brasileira continuam a aparecer. Depois das quedas na produção industrial, do setor de serviços e das vendas no varejo, todas no terceiro em relação ao segundo trimestre de 2024, o índice de atividade do Banco Central, IBC-Br, mostrou queda de -0,73% em dezembro em relação a novembro, quando as expectativas dos investidores apontavam para –0,4%.

Ao mesmo tempo, a pesquisa Focus do Banco Central continua mostrando desancoragem cada vez maior das expectativas para a inflação, apesar das elevadas taxas de juros reais e da promessa de que serão aumentadas ainda mais. Para 2025 as expectativas passaram de 5,58% para 5,60% (acima do limite superior do intervalo de metas), para 2026 saíram de 4,30% para 4,35%, de 2027 foram de 3,90% para 4,0% e 2028 já atingiram 3,8%. Todas acima das respectivas metas (3,0% ao ano), o que mostra um grande déficit de credibilidade da política monetária.

A pergunta é se o Banco Central terá paciência para iniciar o processo de redução da SELIC quando a desaceleração da atividade se consolidar e começar a ter efeito sobre a taxa de inflação, ou se irá reverter o aperto monetária antes disso acontecer. A declaração do Ministro da Fazenda de que “a normalidade no Brasil é inflação entre 4,0% e 5,0%”, não sinaliza em boa direção. Será um sinal de que, se depender do Ministro da Fazenda, vamos aumentar, informalmente, a meta para a inflação?