Os dados do Monitor do PIB calculados pela Fundação Getúlio Vargas do mês de julho, cujo objetivo é antecipar o comportamento do PIB da economia brasileira, mostram um cenário preocupante. Segundo o Monitor, o PIB da economia brasileira apresentou queda de -0,3% no mês de julho em relação ao mês de junho de 2023. A queda foi generalizada, em todos os principais setores da economia, agropecuária, indústria e serviços. O desempenho negativo de alguns segmentos chama a atenção. O consumo das famílias apresentou queda de -1,8% no mês, uma desaceleração forte após cinco meses de crescimento. Em termos anuais, o consumo das famílias ainda permanece com desempenho positivo de 2,6%, mas em desaceleração, devido à desaceleração do consumo de serviços.

O desempenho da taxa de investimento é particularmente preocupante. Segundo o dado do Monitor, a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou queda de -3,2% no trimestre encerrado em julho de 2023, frente ao trimestre móvel anterior. O seguimento de máquinas e equipamentos, que é o principal determinante do estoque de capacidade produtiva da economia, caiu -9,4% no mesmo período. A taxa de investimento da economia brasileira, que havia atingido 19,6% do PIB no terceiro trimestre de 2022, entrou em trajetória de queda no quarto trimestre de 2022 e atingiu 17,4% do PIB no trimestre terminado em julho, já abaixo da taxa média de investimento do período 2020/2023, 18,0% do PIB.

Esta redução da taxa de investimento é reforçada pela diminuição do total de investimento direto estrangeiro no país. Segundo o Banco Central, o total de investimento direto, após ter chegado a US$ 85 bilhões em 12 meses encerrados no mês de janeiro de 2023, entrou em trajetória de queda, desacelerando para US$ 65 bilhões em 12 meses encerrados no mês agosto. E, sem investimento, não tem crescimento de longo prazo.