O IBGE divulgou ontem a produção industrial do mês de julho de 2023. Segundo o instituto, a produção industrial mostrou queda de -0,6% em julho, em relação a junho de 2023. O número veio abaixo das expectativas dos analistas que apontavam para uma queda de -0,3%. Em relação a julho de 2022 a produção industrial caiu -1,1% e -7,4% entre o período janeiro/julho de 2023 e janeiro/julho de 2022. A produção industrial se encontra 2,3% abaixo do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia.
A queda da produção industrial foi generalizada e atingiu tanto a indústria de transformação (-0,4%) quanto a extrativa mineral (-1,4%). 17 das 25 atividades pesquisadas tiveram comportamento negativo em julho em relação a junho e o índice de difusão, que mostra a proporção de produtos com aumento da produção em relação ao mesmo mês do ano anterior, caiu de 42,5% para 39,9%. As principais quedas foram na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,5%), equipamentos de informática produtos eletrônicos e óticos (-25,3%), produtos químicos (-6,7%) e máquinas e equipamentos (-9,8%), entre outros. A queda mais acentuada foi na produção de bens de capital, -7,4% em julho em relação a junho e está 39,1% abaixo do pico em 2013, mas a produção de bens de consumo duráveis também recuou -4,1% e de bens intermediários -0,6%.
A queda generalizada da produção industrial mostra um cenário estruturalmente negativo para o setor. Mesmo com o programa de subsídios à compra de veículos, o que gerou aumento da demanda por estes bens, a produção do setor apresentou queda acentuada. Em outras palavras, o programa aumentou a demanda por veículos automotores, mas foi incapaz de afetar a oferta. Em especial, o fraco desempenho da produção de bens de capital reflete a diminuição da taxa de investimento desde o final de 2022 e indica desaceleração da economia no longo prazo.