Na última semana, tivemos em Washington as tradicionais reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, responsáveis por reunir os principais agentes da economia e das finanças globais. Nossa equipe macro teve a oportunidade de participar dos principais encontros. A seguir apresentaremos os principais destaques das reuniões.
Em primeiro lugar, o principal destaque foi a eleição americana, sobretudo o debate em relação às principais políticas de governo dos candidatos à presidência. Por um lado, caso o ex-presidente Trump seja reeleito, há uma grande expectativa de que o foco de seu governo seja nas políticas de imigração, segurança nas fronteiras, aumento de tarifas de importação, corte de impostos para as empresas e redução das políticas fiscais.
Por sua vez, em caso de vitória da vice-presidente Kamala Harris, as expectativas são de que o programa de governo seja focado em apoiar à classe média, por meio de políticas que promovam a redução de custos habitacionais e de saúde e de resolução de gargalos nas cadeias de produção para combater a inflação.
Cabe destacar que os investidores estão atentos aos impactos fiscais das medidas de ambos os candidatos à presidência dado o elevado patamar da dívida norte-americana. Se por um lado a política do ex-presidente Trump afeta o fiscal através da redução de impostos. Por outro, a vice-presidente Harris pretende implementar sua agenda através da continuidade da expansão fiscal americana.
Independentemente do resultado eleitoral, há um certo consenso entre os analistas de que o próximo presidente americano enfrentará desafios em sua gestão decorrentes da divisão do Congresso norte-americano. A composição de um Senado de ligeira maioria republicana e uma Câmara de pequena maioria democrata limitará o espaço de atuação de quem seja o vencedor. Apesar da maioria dos participantes das reuniões acreditarem que o cenário mais provável seja da divisão entre as casas, não se descarta a possibilidade de que um “red sweep” (vitória republicana em ambas as casas) ocorra. Na realidade, há uma certa percepção de que a probabilidade de concretização deste evento esteja sendo subestimada pelo mercado.
Embora a corrida eleitoral ainda esteja em aberto, marcada pela possibilidade de vitória de ambos os candidatos, a leitura atual é de que o candidato Trump está em um melhor momento de campanha, refletindo que o eleitorado gosta da sua autenticidade e do seu jeito espontâneo. Segundo os analistas, o resultado da corrida presidencial depende muito mais do desempenho próprio da Kamala Harris, sobretudo em adotar uma postura menos defensiva e tomar mais riscos nesta reta final de campanha.
A grande batalha entre os candidatos ocorrerá no estado pêndulo (estado que não é tradicionalmente republicano nem democrata) da Pensilvânia. As análises mostram que quem vencer no estado terá grandes chances de ser eleito presidente. Esse ponto gera uma grande dúvida: por que o presidente Biden não está fazendo uma campanha intensiva para Harris na Pensilvânia?