O risco percebido por um grupo de diretores do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de que os ganhos de emprego poderiam estar superestimados no relatório do payroll e que o enfraquecimento na geração de vagas visto no dado de julho se transformasse numa deterioração mais disseminada do mercado de trabalho foi materializado com a revisão do payroll.
No período entre março de 2023 e março de 2024, o reexame dos dados subtraiu 818 mil do número total de empregos gerados. Apesar dessa revisão baixista, que superou a maioria das estimativas, o emprego total cresceu 1,3% no mesmo intervalo, alcançando 153,6 milhões.
Embora essa revisão tenha contribuído para reforçar os receios de alguns dirigentes do Fed (banco central norte-americano) acerca do mercado de trabalho, o cenário base tanto da autoridade monetária quanto de grande parte do mercado continua a ser de um pouso suave, após os temores de recessão que se exacerbaram depois do último payroll terem sido dissipados com a divulgação de dados econômicos mais encorajadores sobre a saúde da economia americana. Nessa seara, os maiores riscos são em relação ao cenário prospectivo e não aos números correntes, com o próprio Fed tendo reconhecido que a atividade econômica continua a crescer em ritmo sólido, mas que as expectativas para o segundo semestre do ano não são tão animadoras assim.
A divulgação da Ata do Fed nessa quarta-feira (21/08) também trouxe esclarecimentos sobre o posicionamento do Comitê no que diz respeito ao início do ciclo de afrouxamento monetário. O documento revelou que já na última reunião de julho alguns diretores acharam que o progresso obtido no processo de desinflação no segundo trimestre do ano permitia um corte de 25 pontos-base na Fed Funds rate. Contudo, a quase unanimidade no tocante a necessidade de se angariar mais confiança no processo de desinflação fez com que eles achassem que, caso os dados continuem a evoluir conforme o esperado, a próxima reunião de setembro será a mais adequada para o início do ciclo de cortes.