Os preços dos ativos financeiros no Brasil continuam voláteis, respondendo, em parte, ao cenário internacional, em especial á expectativa sobre os caminhos da política monetária nos Estados Unidos e, de outro lado, ao desempenho das contas públicas internamente. No cenário internacional, a avaliação de que o Federal Reserve poderá voltar a aumentar a taxa de juros em sua próxima reunião, caso os dados do mercado de trabalho venham fortes, o índice de preços ao consumidor não desacelere e que, dada a resiliência da economia americana, as taxas de juros devem permanecer em níveis relativamente elevados por um período de tempo mais longo que o esperado incialmente pelos analistas, tem gerado valorização do Dólar no mercado internacional e pressão sobre a taxa de câmbio no Brasil, que já se aproximou novamente do nível de R$ 5,00 por US$ 1,00.
Ao mesmo tempo, a estratégia do Presidente Lula de “empurrar com a barriga” a reforma ministerial, o que deverá dificultar a aprovação dos projetos de aumento de impostos necessários para aumentar as receitas fiscais, o desempenho aquém do esperado das receitas tributárias e o aumento das despesas governamentais acima do esperado, está tornando cada vez mais improvável que o governo consiga atingir a meta de equilíbrio fiscal em 2024. A dúvida entre os investidores é se a reação do governo será corte de gastos via contingenciamento de despesas ou mudança na meta de superavit. Neste contexto, os investidores estão na expectativa do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias que terá de ser enviado ao Congresso até o dia 31 de agosto.
O Banco Central do Brasil iniciou o processo queda da taxa SELIC em sua última reunião, com redução de 0,5 pontos de porcentagem, além de indicar uma tendência de queda de pelo menos mais 0,5 p.p. em suas próximas reuniões, o que deverá reduzir o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, tornando os ativos financeiros brasileiros menos atraentes ao capital internacional, com pressão adicional sobre a taxa de câmbio em algum momento no futuro. Em conjunto, estes fatores têm gerado saída de recursos do mercado financeiro do Brasil, com consequente queda dos preços da ações, desvalorização cambial e aumento das taxas de juros dos títulos mais longos.