Apesar das declarações do Presidente Lula da Silva de que dificilmente o governo irá atingir a meta de superávit primário zero em 2024, que não está disposto a reduzir gastos para atingir este objetivo e que ter um déficit de – 0,25% a – 0,5% do PIB não tem qualquer problema, no comunicado que se seguiu à reunião do Copom que reduziu a SELIC em 0,5 pontos de porcentagem pela terceira vez consecutiva, levando a taxa para 12,25% ao ano, o Comitê decidiu manter a frase do comunicado da reunião anterior que diz: “tendo em conta a importância das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.” Como as declarações do Presidente deixam claro que o governo não vai ter firmeza na persecução das metas, a pergunta é: como interpretar a manutenção da frase no comunicado?
Nossa avaliação é que a manutenção da frase sinaliza dois pontos importantes quanto à condução da política monetária. Primeiro, tira do horizonte a possibilidade de que a trajetória de redução da SELIC seja acelerada para 0,75 p.p. na reunião de dezembro de 2023, como esperavam alguns analistas. No comunicado o Comitê já antecipa novas quedas de igual magnitude para as próximas reuniões. Segundo, que a magnitude do atual ciclo de queda da SELIC deverá ser reduzida, se comparado às expectativas dos investidores. Até as declarações do Presidente, a mediana das projeções dos analistas apontava para um limite inferior da SELIC de 9,0% ao ano. Após as declarações a projeção aumentou para 9,25 ao ano. Nossas projeções sinalizam para um nível próximo a 10,5% ao ano.