Economia

Publicado em 23 de Dezembro às 15:26:53

Sem o guarda-chuva

Na última segunda-feira, apesar do boletim Focus apontar para uma alta das projeções de Selic para os próximos anos, as expectativas de inflação seguem desancorando para os prazos mais longos. Em um contexto marcado por um desequilíbrio das políticas fiscal e monetária, a percepção de que o ciclo de alta de juros não será capaz de levar a inflação para a meta somado ao seu impacto sobre a trajetória de endividamento público contribui para sustentar o mau-humor do mercado.

As expectativas de inflação para os anos de 2025 e 2027 saíram de 4,60% e 3,66% para 4,84% e 3,80%, respectivamente. Por sua vez, as expectativas de 2024 e 2026 ficaram praticamente estáveis em relação à leitura da semana anterior em 4,9% e 4,0%, nesta ordem. Cabe destacar que o boletim Focus da última segunda-feira indica que o mercado já espera que o teto da meta de inflação do próximo ano seja rompido, refletindo a combinação entre as pressões inflacionárias advindas da demanda agregada aquecida e a desvalorização cambial que vem se intensificando nas últimas semanas.

Por sua vez, a expectativa da Selic saiu de 14,0% para 14,75% a.a. ao final de 2025, refletindo o Copom de dezembro, na qual a diretoria indicou duas altas de 100 bps nas primeiras duas reuniões do próximo ano, levando a Selic para 14,25% a.a. ao final do primeiro trimestre de 2025. Embora a curva DI esteja precificando mais de 100 bps de alta na reunião de janeiro, isto é, parte do mercado apostando em uma alta de 150 bps, Galípolo indicou que a barra para romper o guidance dado na última reunião está muito alta e se mantendo coeso ao voto proferido na reunião de maio, indicou que a sua preferência é de se manter fiel ao guidance dado.

Sob um cenário de elevada desconfiança em relação à sustentabilidade da política fiscal executada pelo governo, a política monetária é a âncora que pode evitar uma deterioração ainda mais acentuada os ativos domésticos. Nesse sentido, os olhares estarão atentos para as próximas reuniões do Copom, sobretudo nas reuniões a partir do segundo trimestre de 2025, quando as decisões do novo presidente Gabriel Galípolo não estarão mais sob o guarda-chuva de Roberto Campos Neto.

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