Nesta semana, teremos importantes reuniões dos Bancos Centrais americano e europeu, que podem marcar o fim do atual ciclo de aumento de juros. No front doméstico, as atenções estarão voltadas para a divulgação do IPCA-15 referente ao mês de julho, que será o último dado de inflação ao consumidor disponível para o BC brasileiro antes da próxima reunião do Copom que ocorrerá na primeira semana de agosto.
Nos EUA, após a divulgação dos dados de inflação referentes ao mês de junho, que surpreenderam positivamente o mercado, vindo melhor do que o esperado (0,2%, ante expectativa de 0,3%), intensificaram as apostas sobre o fim do ciclo de alta de juros na reunião desta semana. Dessa forma, o mercado passou a precificar que o atual ciclo deve ser encerrado com uma alta residual de 0,25 pp, de modo que, a taxa de juros nos EUA deverá atingir entre 5,25% e 5,50% ao final de 2023, permanecendo neste patamar por um período prolongado, até que a taxa de inflação alcance a meta de 2,0%.
Já na Europa, apesar da inflação ainda se encontrar em um patamar elevado e sem sinais claros de convergência do núcleo da inflação para a meta, as declarações mais amenas de dois diretores tidos como os mais “hawkish” do Banco Central Europeu (BCE) aumentaram as expectativas de que a autarquia também esteja encerrando o seu ciclo de aperto monetário nesta semana. Contribuiu para esta avaliação, a leitura de um CPI mais benigno que desacelerou, na comparação em 12 meses, de 6,1% em maio para 5,5% em junho, ao passo em que o núcleo da inflação desacelerou de 5,5% para 5,3%, no mesmo período. Além disso, enxergamos que o fato da Zona do Euro já se encontrar em um quadro de recessão técnica contribui para um aumento da preocupação dos dirigentes do BCE em relação à perda de fôlego da economia diante do atual ciclo de aperto monetário e seus efeitos defasados vis-à-vis um combate mais intenso ao processo inflacionário que começa a dar seus primeiros sinais de arrefecimento.
Por fim, nesta semana também teremos a divulgação do IPCA-15 do mês de julho, que de acordo com as nossas expectativas deve apresentar deflação de 0,02%, de modo que, a inflação em 12 meses deve acumular alta de 3,25%. Acreditamos que a deflação no mês refletirá os efeitos dos subsídios a compra de veículos anunciados pelo governo em junho e estendido até o mês de julho e do corte do preço da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras. Entretanto, avaliamos que o protagonista da divulgação será a abertura da inflação de serviços, que no caso de uma leitura mais benigna deve ser responsável por elevar as apostas de um corte mais significativo de 0,5 p.p. na reunião de agosto. Entretanto, devido a persistência desta abertura, ainda acreditamos que o BCB deve manter uma postura mais cautelosa, iniciando o ciclo de cortes de juros em 0,25 p.p. e posteriormente acelerar para 0,5 p.p. nas reuniões seguintes, de modo que, a taxa de juros deve encerrar o ano em 12,0% no final de 2023.