Ontem tivemos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE referente ao mês de novembro. Embora os números apresentados tenham interrompido uma sequência de 3 contrações consecutivas do setor, que acumulou queda de 2,2% no período, uma análise mais detalhada sugere que este resultado tenha sido mais pontual do que uma reversão em si da trajetória de arrefecimento do setor. A alta de 0,4% m/m veio ligeiramente pior do que o esperado pelo mercado (0,5% m/m) e na comparação interanual, registrou contração de 0,3% m/m.
Mesmo após a sequência de 3 contrações, vale destacar que o setor ainda se encontra próximo do patamar mais elevado já registrado na série histórica, que foi alcançado em dezembro de 2022, de modo que, é natural que houvesse uma moderação do desempenho do setor ao longo do ano, após um crescimento exuberante em 2022. Este movimento ficou mais evidente ao longo do segundo semestre de 2023, com o esgotamento das contribuições positivas advindas da agropecuária, reflexo da supersafra de grãos que ocorreu no primeiro semestre do ano, que impulsionou, principalmente, o segmento de transporte de cargas.
Na nossa avaliação, o número da PMS de novembro corrobora o nosso cenário de desaceleração da atividade, em linha com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia real e os indicadores de crédito que ainda sugerem que a saúde financeira das famílias se encontra deteriorada. Nesse contexto, mantemos nossa projeção de contração do PIB em 0,2% t/t no último trimestre de 2023, de modo que, a economia brasileira deve apresentar expansão de 2,9% no ano.
Para o próximo ano, avaliamos que o consumo deverá ser o principal driver de crescimento da economia, refletindo os efeitos do programa de reajuste em termos reais do salário-mínimo, pagamento de precatórios no final de 2023 e expansão das políticas fiscais ao longo do ano, sobretudo das obras do novo PAC. Dessa forma, esperamos que a economia apresente uma dinâmica similar a observada em 2023, com exceção do desempenho da agropecuária, que deve apresentar uma pequena contração devido à base de comparação extremamente elevada. Para 2024, projetamos um crescimento de 1,4% do PIB brasileiro.