Nesta segunda-feira (10/11), os juros futuros encerraram o pregão em forte baixa, acompanhando o maior apetite global por risco diante da perspectiva de solução para o shutdown do governo dos Estados Unidos. No cenário doméstico, os investidores aguardam a divulgação do IPCA de outubro e da ata da última reunião do Copom, eventos que devem trazer novos sinais sobre os próximos passos da política monetária.
Os últimos dados de inflação têm mostrado um comportamento mais benigno, tanto no índice cheio quanto em sua composição interna. Vale destacar que os três últimos resultados encadeados do IPCA apontaram para algum grau de moderação em itens sensíveis ao nível de aquecimento da economia, indicando que a política monetária restritiva começa a produzir efeitos mais consistentes sobre a demanda. O dado de outubro, que será divulgado nesta terça-feira (12/11), será fundamental para avaliar se essa tendência de desinflação gradual se mantém e quais podem ser as dinâmicas predominantes nos próximos meses.
Apesar do cenário mais favorável, ainda há fatores que podem exercer pressão altista sobre os preços nos próximos meses. Entre eles, destaca-se o impacto fiscal do pagamento dos precatórios, que tende a aumentar a liquidez na economia e, consequentemente, a demanda. Ainda assim, o Banco Central tem reiterado seu comprometimento com a meta de inflação, sinalizando disposição para manter uma condução cautelosa da política monetária.
Ao mesmo tempo, o mercado aguarda com atenção a ata da última reunião do Copom, que deve detalhar se a projeção para o IPCA no horizonte relevante (3,3%) já considera os efeitos da reforma do Imposto de Renda.
Em nossa avaliação, o conjunto recente de dados indica que o processo de arrefecimento gradual da economia está em curso, mas ainda requer cautela. A combinação entre inflação subjacente ainda persistente e incertezas fiscais reforça a necessidade de uma política monetária firme e orientada pela ancoragem das expectativas.