Economia

Publicado em 11 de Junho às 17:46:49

Sinal amarelo para a inflação. Mais uma vez.

Ontem saiu o dado de IPCA referente ao mês de maio. A variação do índice foi de 0,46% m/m, valor acima das nossas projeções e das projeções de mercado. A grande novidade do número é que ele reverteu a tendência de arrefecimento na inflação de serviços, que se iniciou no começo do ano. Além disso, houve intenso aumento na média dos núcleos de inflação. Os núcleos de inflação consideram diferentes combinações entre os subitens do IPCA. A ideia é captar uma medida que retrate um comportamento conjunto de todos os preços, menos sensível a eventuais itens com muita volatilidade. Um aumento expressivo desses núcleos pode sugerir um aumento conjunto na maioria dos preços, nos dizendo que essa alta de inflação do mês pode não ser devido a nenhum item específico, mas sim a aumento generalizado. Isso é má notícia para a política monetária.

Alguns fatores merecem ser destacados. O efeito Rio Grande do Sul começa a aparecer nessa leitura, inflando alimentos bem acima das projeções dos analistas. Outro fator é que os serviços subjacentes e núcleos de inflação estavam em trajetória benigna desde o início do ano. Dessa forma, a tendência de arrefecimento fica mais evidente do que uma nova tendência de aceleração, uma vez que é a primeira leitura negativa. Outro ponto é que uma mudança muito brusca na taxa de variação tende a ser devolvida nos próximos meses. Pode-se imaginar que essa alta nos itens esteja devolvendo uma baixa mais intensa dos períodos anteriores, sem necessariamente aumentar a inflação agregada no período. Com efeito, a média móvel de três meses anualizada dos núcleos dessazonalizados é de 3,2% m/m, valor em linha com a meta de inflação.

O número de ontem não muda o cenário, mas traz mais ênfase em se monitorar de perto a inflação de serviços. Um mercado de trabalho apertado, demanda aquecida e expectativas de inflação mais altas corroboram uma tendência de aceleração desse grupo. Mas o grupo apresenta arrefecimento, até agora. Em nossa visão, o número de ontem reforça uma manutenção da taxa Selic na próxima reunião do Copom. Precisamos esperar mais leituras, e ficar atentos. 

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