O anúncio do Ministro da Fazenda Fernando Haddad de que o governo irá reduzir os gastos com programas sociais em R$ 25,9 bilhões em 2025 apenas promovendo um ”pente fino” nos dispêndios, não parece ser viável. Fazer um pente fino significa reduzir os desperdícios devido a fraudes, pagamento de benefícios para pessoas que não cumprem as condições para recebê-los, em suma, ineficiência na gerência do programa.
Caso o governo consiga efetivamente fazer esta proeza, significa que está pagando R$ 25,9 bilhões em benefícios sociais a mais do que deveria todos os anos. Um verdadeiro absurdo. Entretanto, a experiência recente indica que dificilmente esta promessa será cumprida. A título de exemplo, no ano passado o governo prometeu economizar entre R$ 9 bilhões e R$ 14 bilhões com previdência. Até o momento os gastos estão aumentando 12% no ano.
Sem mudanças concretas na estrutura dos programas sociais, não será possível fazer uma economia relevante de gastos. Em especial, existe uma superposição entre programas de transferência de renda, tais como o Abono Salarial, o Bolsa Família, o Seguro Desemprego, o Benefício da Prestação Continuada, o que faz com que um mesmo trabalhador possa receber várias transferências de diferentes programas, simultaneamente. E todos eles têm o valor do piso da transferência indexado ao salário mínimo cujo valor é reajustado todos os anos pela inflação do ano anterior mais a taxa de crescimento do PIB de dois anos antes. Insustentável!