A decisão do Presidente Trump de taxar a economia brasileira com uma tarifa de 50%, a mais elevada entre todos os países até o momento, gerou forte reação do governo brasileiro. A carta enviada para o Brasil aponta motivos eminentemente políticos.
Uma questão é a política externa do governo brasileiro: apoio a governos não democráticos, a grupos terroristas como o Hamas, Hezbollah, Houtis, a forte rejeição à reação de Israel ao atentado terrorista do Hamas, chamando a reação Israelense de um genocídio, similar ao Holocausto, a reação negativa aos bombardeios americanos às instalações nucleares iranianas, entre outros fatores.
A movimentação dos países dos BRICS, enfatizada pelo Presidente Lula na cúpula do grupo no Rio de Janeiro, de criar uma moeda comum para substituir o Dólar como moeda de comércio entre os países do BRICS foi atacada diretamente pelo Presidente Trump.
A decisão do Supremo Tribunal Federal de restringir a liberdade de expressão através das Big Techs e a ameaça de cobrar impostos sobre os lucros destas empresas no Brasil, além de restringir a liberdade de expressão, vai afetar de forma significativa seus lucros.
Um motivo explicitamente citado na carta é a avaliação do Presidente Trump de que, apesar do ex-Presidente Jair Bolsonaro ser inocente da acusação de tentativa de golpe de Estado, está sendo perseguido pela Justiça brasileira, uma “caça às bruxas”.
A decisão de penalizar fortemente o Brasil é, certamente, um sinal de que os Estados Unidos consideram que o Brasil caminha para um cenário próximo ao de países como Venezuela, Cuba, Irã, entre outros
A tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras deve ser considerada uma sansão ao governo brasileiro e pode ter consequências mais graves que puramente econômicas, caso o governo brasileiro adote como resposta de retaliação.
Nossa projeção é que uma tarifa de 50% deveria reduzir o crescimento do PIB em 12 meses entre – 0,3% e – 0,6% ao ano. Os setores mais prejudicados são aço, aeronaves, celulose, carne bovina, café, suco de laranja.
O efeito negativo mais importante deve se dar sobre os investimentos estrangeiros diretos e de portfólio. Até o momento, os sinais são de retaliação, sem negociar. Neste caso, o mais provável é que o Presidente Trump dobre a aposta criando uma escalada que pode resvalar para sansões até mesmo não econômicas. A reação inicial do governo brasileiro não foi promissora.
A atuação da Polícia Federal na última semana, com aprovação do Ministro Alexandre Moraes, praticamente determinando a prisão domiciliar do ex-Presidente Bolsonaro, levou à cassação dos vistos de entrada de 8 membros do STF e do Chefe da PGR, o que indica que o caminho para a escalada parece sem volta.
Neste cenário, podemos ter forte aumento da incerteza, do prêmio risco, fuga de capitais do país, investimentos de portfólio e, principalmente, investimentos diretos no país, em especial, de empresas americanas, desvalorização do Real e pressão inflacionária.
Como a carta do Presidente Trump dá uma ênfase principalmente em questões não econômicas, mas políticas e institucionais, o espaço para o governo negociar não é muito amplo. Mas o aviso foi de alguma forma dado pelo governo americano.