O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de forma unânime, pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15,00% ao ano na sua reunião de novembro.

O comunicado veio em linha com a nossa expectativa, mantendo um tom geral levemente mais “hawkish” ao sinalizar uma postura ainda cautelosa por parte do banco central, mesmo diante dos sinais incipientes de arrefecimento da economia observados nos últimos meses. Mesmo com as alterações em relação ao comunicado da reunião anterior (setembro) terem sido poucas, o documento trouxe tanto trechos mais “dovish” como mais “hawkish”.

Os diretores reconheceram que “a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento”, ao mesmo tempo em que reviram para cima a estimativa da inflação de preços livres para 2026 (de 3,5% para 3,6%). Alguns fatores podem ser os responsáveis por isso, como a possível incorporação no cenário do banco central das mais recentes medidas fiscais para o ano que vem (isenção do IR até R$ 5 mil) após a sua aprovação nas duas casas do Congresso, ou uma nova revisão altista no hiato do produto, ainda que apenas marginal.

Outra revisão relevante ocorreu na projeção de preços administrados, tanto para o ano corrente como para o próximo. A estimativa de 2025 saltou de 4,3% para 5,0% mesmo com o preço do barril de petróleo em queda no período entre as reuniões, ao passo que a de 2026 recuou de 3,8% para 3,4% mesmo com a revisão da bandeira tarifária de energia elétrica de verde para amarela no final do ano.

A premissa adotada pelo banco central que parece estar por trás dessas novas projeções é a de que os preços de energia devem levar a uma maior inflação de administrados esse ano, enquanto que o maior espaço para corte nos preços dos combustíveis deve se concentrar no ano que vem, resultando numa menor taxa de variação nos preços de administrados em 2026.