Os dados da economia americana continuam a mostrar resiliência, o mercado de trabalho bastante forte, com a geração de 336 mil postos de trabalho no mês de setembro (expectativas de 175 mil), 9,6 milhões de vagas de trabalho criadas, o que aumentou a probabilidade de um novo aumento da taxa de juros no país ainda em 2023. Com isto, as taxas de juros dos títulos americanos com vencimentos mais longos continuaram em níveis elevados, os maiores desde 2007, o Dólar continuou em trajetória de valorização e os preços das ações em queda.
A questão que hoje preocupa, além das taxas de juros elevadas no presente, é quanto tempo as taxas irão permanecer em níveis elevados. Além da questão inflacionária, vários outros fatores pressionam as taxas de juros para cima. Uma política fiscal nos Estados Unidos bastante expansionista, com déficit primário que deverá atingir mais de 3% do PIB em 2023 e continua em trajetória de elevação, a dívida pública acima de 100% do PIB, o Federal Reserve continua a reduzir seu balanço, com a venda de títulos acumulados durante a pandemia, o Banco Central do Japão (BoJ) sinalizou que deverá tornar a política monetária menos expansionista, o que fez com que as taxas de juros no país tivessem leve elevação, deslocando investidores japoneses de títulos do governo americano para títulos do governo japonês, as disputas geopolíticas entre Estados Unidos e China estão fazendo com que o governo chinês troque parte de suas reservas cambiais para outros ativos que não os títulos de governo americano, entre outros fatores.
Com este cenário, a questão é se as elevadas taxas de juros nos Estados Unidos são conjunturais, ligada apenas ao combate à inflação ou se é um fenômeno mais estrutural, que sinaliza uma mudança do patamar de juros na economia mundial. Neste caso, o que parece mais provável, devemos esperar taxas de juros mais elevadas em todo o mundo, por um período mais longo do que estava projetado no início do processo de combate à inflação.