O comportamento dos preços dos ativos financeiros na economia brasileira começa a sinalizar a proximidade de uma “tempestade perfeita”. As taxas de juros dos títulos longos beira os 13,0% ao ano em todos os vencimentos, o Dólar voltou a furar o nível de R$ 5,70 e o IBOVESPA voltou a cair abaixo dos 130 mil pontos.
Ao mesmo tempo, as projeções para a inflação de 2024 começam a sinalizar o rompimento do teto do intervalo de metas, 4,5%,e as expectativas para todos os anos no cenário relevante (2025, 2026 e 2027) continuam acima das respectivas metas (3,0% ao ano), forçando o Banco Central a retomar o processo de aumento da taxa básica de juros (SELIC).
A utilização de créditos extraordinários para financiar aumentos de gastos fora das metas do arcabouço fiscal, que já atingiu R$ 55,4 bilhões em 2024, tornou o cumprimento da meta de superavit primário e declarações de membros da equipe econômica de que o governo estaria preparando um conjunto de medidas a serem enviadas ao Congresso para controlar o déficit primário sejam recebidas com descrédito pelos investidores e incapazes de de afetar positivamente os preços dos ativos.
Diante deste cenário, nas reuniões paralelas às reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Washington, na última semana, a possibilidade de que o país esteja entrando em um regime de dominância fiscal, regime no qual a política monetária se torna inócua para o controle da taxa de inflação, se tornou um tema relevante para os investidores, colocando diretores e o Presidente do Banco Central do Brasil diante da pergunta:
Estaria o Brasil entrando em dominância fiscal?