Após uma semana bastante negativa dos preços dos ativos financeiros no Brasil, Dólar e juros em forte alta e preços das ações em queda, o Presidente Lula da Silva teria pedido ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para cancelar a viagem que faria à Europa na semana passada para tratar de “problemas domésticos”.
Parte dos investidores interpretaram esta decisão como indicando um sentido de urgência na resolução do problema que gerou este comportamento, qual seja, o forte e crescente desequilíbrio fiscal. Diante desta avaliação, os investidores deram ao governo o “benefício da dúvida”, na expectativa de que algo realmente importante seria apresentado, o que acalmou os preços dos ativos.
Para surpresa geral, em lugar de decidir o que fazer diretamente com a equipe econômica, o Presidente decidiu fazer reuniões com Ministros cujas áreas de atuação, supostamente, seriam negativamente afetadas pelas propostas apresentadas pelo Ministro da Fazenda. As discussões se estenderam por toda a semana e nada foi decidido.
Esta estratégia de negociar o programa a ser implementado com Ministros que seriam afetados pelas decisões não é comum nem no Brasil nem em democracias presidencialistas, principalmente em momentos de crise aguda, como a que estamos vivendo. Nestas situações, o Presidente se reúne com o Ministro responsável pelo desenho do programa a ser implementado e aprova ou desaprova as propostas. Uma vez aprovada a proposta, como medida de respeito, chama os outros ministros envolvidos para anunciar as medidas antes de torná-las públicas. Como aliás fez no início do primeiro mandato o próprio Presidente Lula da Silva com o programa de ajuste fiscal então implementado e a reforma da previdência. O que acabou gerando uma divisão no Partido dos Trabalhadores e a fundação do PSOL.
Como está sendo conduzido, o processo decisório é lento, confuso, reduz o poder do Ministro da Fazenda e do próprio Presidente da República. No final, o mais provável é que a montanha produza um rato.